quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Nosso Rambo de cada Dia

No último sábado, eu e Gabriel, resolvemos fazer um programa de pai e filho, nada mais másculo e recheado a testosterona do que assistirmos ao último filme da franquia Rambo. É claro que não esperávamos romance, nem humor e muito menos o protagonista da trama entregando flores. Mas, pensar na personagem que surge nas telas discutindo o drama da inclusão de ex-combatentes do Vietnã na sociedade, que durante a década de 1980 chamou a atenção para guerra fria, indo do Vietnã ao Afeganistão, me fez esperar um fim verdadeiramente apoteótico para um velho guerreiro de tantas andanças encarnado por Sylvester Stallone, da mesma forma que se deu com Rocky o lutador.

Não vou fazer aqui críticas ao filme, roteiro ou atuações. Também não pretendo dar spoilers. O filme é de ação e segue o que era de se esperar com tiroteios, lutas e explosões. E é claro que abusa das cenas de violência. Mas o que verdadeiramente me chamou a atenção foi a plateia. Ninguém se surpreendeu ou se incomodou com as truculentas cenas marcadas em até certo ponto por uma dose de sadismo. Se foi possível identificar algum drama, alguma emoção humana, ou empatia pelos percalços comuns entre os seres humanos, tudo passou despercebido. Os expectadores estavam mesmo ávidos pelo sangue, só faltaram lamentos por ele não espirrar da tela.

Não havia apenas aplausos ou aquele misto de curiosidade e admiração de quem distingue a realidade do que é encenado. Mas entre a maior parte da plateia, o que se percebia era uma projeção de mentes e disposições tão forte que parecia haver entre o "herói" e a plateia um imiscuir-se a cada aperto de gatilho, facada ou soco desferido. E era possível ouvir aqueles que até se lamentavam quando entendiam que a agressão exercida era pouca.

Sim, eu fui ver Stallone encarnando Rambo, eu sabia que seria violento, mas acreditei que sairia da sessão rindo das cenas impossíveis, comentando cenários, locações, apontando algum erro de cronologia, mas acima de tudo certo de que a ficção estaria muito distante da realidade. Mas me surpreendi ao constatar que o falatório na saída da sala de projeção demonstrava o quanto a violência é real, tem voz, variedade de rostos e está tão próxima. Presente nas fechadas no trânsito, nos esbarrões e empurrões na condução, nas discussões sobre política, na necessidade de firmarmos nossos posicionamentos, na política de segurança pública e na insensibilidade diante da morte de uma criança.

Assim como a personagem Rambo, que ao longo de toda a franquia, pouco fala e balbucia pouquíssimas palavras, deixando  para se expressar com bombas, tiros e socos. Nossa sociedade também está desaprendendo a falar, deixando de ouvir, não querendo ver e se indispondo a argumentar. Estamos cada vez mais "Rambos", sentindo o prazer em possuirmos armas, querendo segurar a faca que esfaqueia, desejando legitimar o uso da violência e confundindo justiça com vingança. Nossos heróis não salvam mais, não ajudam mais, não se sacrificam, não se doam, não oferecem valores. Ao contrário, são traumatizados, sequelados, fantasmas assombrados pelos seus próprios fantasmas que não assumem o papel de construir uma realidade melhor, mas apenas o de justiceiros que promovem vingança.

Sei que alguém argumentará sobre a dificuldade de sobriedade diante da nossa violência cotidiana. Mas é impensável justificar a nossa perda de humanidade. É leviano demais o estabelecimento de fronteiras entre nós e eles. Dialéticas do tipo: favela e asfalto, homens de bem e criminosos, esquerda e direita, são rótulos que só evidenciam os nossos preconceitos e afirmam estigmas. Pensamos confortavelmente que o vilão é sempre o outro, o que está do outro lado da fronteira, que ele não merece ser ouvido, antes tem que ser exterminado. Pode ser que você ache as minhas palavras exagero, mas é exatamente isso que demonstramos quando agressivamente elevamos o nosso tom de voz, ignoramos a opinião do outro ou arrancamos com o nosso carro.

Nossos trejeitos, nossos semblantes e até a nossa ironia é violenta. É melhor não ter razão quando a razão afirma ser aceitável uma criança morrer alvejada por uma bala perdida, e não interessa de que arma veio o tiro. Não existem baixas aceitáveis!

Não é prudente assumir uma ética guerreira que a tudo e a todos combate, ou corremos o risco de ter que vivermos com sequelas, perdas e um cenário caótico marcado pela destruição em todos os sentidos.  Se queremos paz, paz para chegar em casa, paz para por a cabeça no travesseiro, paz para festejarmos, irmos e virmos sem medo. Precisamos lembrar que essa paz não se faz só com a força das armas. Precisamos combater as verdadeiras causas e não as consequências. A corrupção, a omissão e a insensibilidade matam mais do que o tiro de fuzil.

Nesse mundo de tantos Rambos está faltando "homens humanos" por mais redundante que isso pareça. Se desarme, se humanize, se liberte, se solidarize, se sensibilize!!!!

Vinck Vitório 

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Suicídio: prevenir, alentar, mas nunca julgar.

Todo mês é Setembro Amarelo. Todo dia é Dia D. E o dia de ontem, 10 de setembro, data marcada como o dia D de prevenção ao suicídio, foi um dia de reflexão. A data surgiu há 25 anos. A cor da campanha foi adotada por conta da trágica história de Mike Emme, um jovem americano, de 17 anos que, em 1994, tirou a própria vida dirigindo seu carro amarelo. Seus amigos e familiares distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas e mensagens de apoio para pessoas que estivessem passando pelo mesmo desespero. A fita amarela virou símbolo do dever de conscientização, de todo mundo, sobre o tema.
Como protestante, esse assunto tem me causado bastante preocupação acerca de como igrejas, líderes e fiéis cristãos têm tratado a questão. A crença medieval de que o suicida vai para o inferno parece prevalecer entre os crentes atuais, ainda que com uma boa dose de atenuantes e relativizações, a grosso modo continuasse a sentenciar os suicidas ao inferno. O que é um crasso erro.
Em primeiro lugar é preciso lembrar que a fé reformada (advinda da Reforma do século XVI) e bíblica não admite especulação alguma acerca de quem é salvo ou condenado. Uma vez que há apenas um único e justo juiz capaz de sondar mentes e corações, é da exclusiva economia Dele dar sentenças. E ainda que nos baseemos em evidências, nem a Igreja, nem suas lideranças têm competência para emitir certificados de salvação ou condenação.
Mesmo que a Bíblia nos lembre que o pecador contumaz tem como destino eterno o inferno, não há nenhuma afirmação categórica no texto bíblico de que o suicida seja condenado. Necessário ainda é considerar que Deus não depende da Igreja, dos fiéis e muito menos de evidências para salvar. Ainda que na sua imensa misericórdia Ele se utilize de homens e da Igreja é mais uma vez da competência exclusiva Dele, de acordo com a sua vontade soberana, usar de meios extraordinários para comunicar irresistivelmente o Evangelho da salvação ao coração daqueles a quem quer salvar. Deus não tem limites para salvar, mesmo o suicida. Louvado seja Deus!!!!
Aos insistentes, que desejem, ainda com suas relativizações e uso de inferências, condenar o suicida. Eu alerto: cuidado, você está mandando Sansão, um herói da fé, para o inferno! 
Outro ponto muito polêmico, mas que não provoca demérito algum à fé ou ao Evangelho e que todo cristão sincero deve ponderar com maturidade, está na seguinte questão: não teria sido o calvário também um suicídio? Antes que você se escandalize, lembremos que o Deus encarnado anunciou por várias vezes a via dolorosa sem jamais se desviar dela, tinha o poder para evitá-la e até descer do madeiro, e afirmou de forma contundente acerca de sua vida: "ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade" (João 10:18). Essa verdade em nada desmerece a fé, ao contrário, nos lembra que em toda as fraquezas da nossa humanidade podemos encontrar identidade com o Cristo.
Recentemente um crente sincero ponderava comigo sobre essas verdades, mas concluiu com a seguinte afirmação: "se dissermos que o suicida não perde salvação vamos abrir a porta para muitos mais suicídios". Ledo engano, as portas já estão abertas! E fica ainda muito pior para a família do que partiu pregarmos que esse está condenado.
Ao invés de darmos sentenças, precisamos é prevenir, acolher e envidar todos os esforços para evitar o suicídio. Acreditar que a sentença evita é cômodo, mas ser literalmente a voz que clama no deserto anunciando o ministério de Cristo é a nossa verdadeira vocação enquanto Igreja. Cristo é esperança sempre!!!
Talvez você não tenha dimensão do desafio que está a nossa frente.  Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), nove em cada dez mortes por suicídio poderiam ser evitadas. O suicídio é a segunda maior causa de mortes de jovens entre 15 a 24 anos, segundo pesquisa do CVV (Centro de Valorização à Vida). Só perde para acidentes.
O primeiro passo para prevenir o suicídio é conversar.  Não há certo ou errado ao conversar sobre pensamentos suicidas, o importante é começar a conversa, diz à BBC Emma Carrington, porta-voz da entidade de combate à doenças mentais Rethink UK. “Em primeiro lugar é preciso reconhecer que é uma conversa difícil. Não é uma conversa que temos todos os dias. Então, você vai ficar nervoso e isso é normal. O importante é ouvir e não julgar.” 
 Conversar sobre suicídio é quebrar um tabu. Para a organização australiana Beyond Blue, da ex-primeira-ministra Julia Gillard, ter a liberdade de conversar sobre o assunto pode ajudar a restaurar a esperança das pessoas que estão tendo pensamentos suicidas. “Você não precisa ser um profissional de saúde para apoiar alguém que está em risco. Só precisa ser alguém que está preparado para ter a conversa”, diz Gillard, da Beyond Blue.
Depois da conversa, o ideal é encaminhar e encorajar a pessoa a procurar ajuda profissional, com medicamentos e acompanhamento. A maioria dos casos vem de quedas ou desequilíbrio na saúde mental do indivíduo, tão importante quanto a saúde física. Cuidar, prevenir e agir para o equilíbrio da saúde mental, evitando emoções negativas como ansiedade ou descontrole e doenças como depressão, é fundamental para valorizar a vida.
Tenho certeza que não há coisa alguma mais eficiente diante dessa demanda do que o amor cristão. Então se disponha, ouça, de amparo, estimule e motive.
Seja feliz e promova felicidade.
Vinck Vitório            

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

RECLAMAÇÃO

Não tenho dúvida de que a vida em uma megalópole como o Rio de Janeiro, com seu trânsito frenético, violência latente, epidemias, contrastes sociais e tantas outras mazelas típicas de uma grande urbe, é neurotizante. As tensões, cansaço e desgaste nos lançam à busca de qualquer via que nós dê algum tipo de alívio. E não necessariamente estou falando de álcool, drogas ou de qualquer substância química que nos pince da realidade. Me refiro a algo muito mais sutil, quase despretensioso, mas também viciante, a reclamação.

Já parou para contabilizar a quantidade de reclamações que ouvimos em um único dia? Pior, já contou quantas você mesmo faz?

Claro que não estou me referindo às constatações reais do dia a dia e a "necessidade fisiológica", por assim dizer, de desabafarmos e de gemermos quando a dor se faz presente. Ao contrário, me refiro àquelas intermináveis e constantes murmurações. Típicas daqueles para quem coisa alguma está boa ou é satisfatória.

Reconheço que reclamar diante de fatos e situações que nos são adversos é em certo sentido aliviante. É como se você estivesse exercendo o sacro santo direito que lhe é devido de manifestar a sua opinião, de expressar o que está sentindo. A princípio, diminui a tensão, lança sobre nós algum destaque, pois nos dá a impressão de que saímos na frente em perceber aquilo que a maioria não notou. Mas de repente essa prática se torna um hábito, nos tornamos sensíveis a tudo aquilo que pode ser apontado como inoportuno, desfavorável ou prejudicial. E sem, na maioria da vezes, percebermos as nossas opiniões e construções frasais passam a estar sempre marcadas pelo negativo. Bem-vindo! Nesse ponto já podemos requerer a nossa carteirinha de sócio do clube dos murmuradores.

O que não percebemos é o efeito nocivo que as constantes reclamações provocam em nós mesmos e nos que estão à nossa volta. Quando nutrimos e verbalizamos os nossos pontos de vista negativos é como se dessemos materialidade à impossibilidade. É como se assumíssemos para nós mesmos inibidores, barreiras à ação e a produtividade. Também é preciso mencionar que as nossas próprias reclamações abalam o nosso humor, nos tornam amargos, nos permitem falar mais do que devíamos, provocam feridas, demandam uma quantidade expressiva de elucubrações, construções mentais e emocionais que, às vezes, se quer correspondem à realidade.   E cansam, como cansam! A nós e aos que nos ouvem.

As reclamações desanimam, desmotivam, inibem, cerceiam. E mobilizam por parte do reclamante e dos seus ouvintes uma boa dose de energia. Que desperdício!!!! Essa energia pode e deve ser canalizada na direção da realização e da produção desde que assumamos a nossa responsabilidade de artesãos de uma nova realidade. Diante dos nossos desafios, sejam eles quais forem, temos as seguintes possibilidades: nos adaptarmos a eles; lutarmos pela mudança das circunstâncias; ou fazermos aquilo que sempre tem algum grau de necessidade, mudarmos a nós mesmos. Mas reclamar por reclamar é tão somente sinônimo de desistência, anulação e desperdício de energia!!!!

Não seja um murmurador. Ao contrário, cultive o otimismo. Faça o exercício contínuo de reconhecer o lado bom das pessoas, propostas, e fatos que surgem. Seja um incentivador de si mesmo e dos que te rodeiam. Anime-se, estimule-se, assuma para si a responsabilidade de modificar para melhor as circunstâncias nas quais está inserido. E por amor a si mesmo, também não permita que as reclamações alheias drenem as suas energias.

Quero terminar contanto a história de uma senhora de avançada idade que tinha a mania de destacar as qualidades de todas as pessoas. Sempre que alguém mencionava o defeito de alguém, vinha ela mostrando o outro lado da moeda. Era assim com pessoas e circunstâncias. Um dia em uma reunião de família lá estava ela, fazendo o que fazia tão bem. Sempre que uma crítica a quem quer que fosse surgia, vinha ela mencionando as qualidades da tal pessoa. De repente, um de seus filhos, já sem paciência, exclamou: - Poxa Mamãe! Desse jeito a senhora vai arrumar qualidade até para o Diabo! E a senhora prontamente respondeu: - Mas uma coisa a gente tem que reconhecer, ele é bem persistente!

Se é possível reconhecer qualidade até no Diabo, por que temos tanta dificuldade em, ao invés de reclamarmos, alardearmos as coisas boas da vida e que com certeza cruzam a nossa caminhada continuamente? 

Falemos mais das nossas experiências positivas, elogiemos mais, celebremos mais as vitórias e as coisas boas que nos cercam. Aceite o desafio de economizar energia deixando as reclamações de lado, passando a reconhecer mais o colorido da vida e contribuindo para a leveza dos ambientes por onde passamos. Com certeza isso vai ajudar a você e a quem está ao seu lado.

Seja feliz!

   Vinck Vitório

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Falta Visão!


O Dom da visão é precioso e frágil. Mais de 6 milhões de brasileiros têm algum grau de deficiência visual. E, nas crianças, as anormalidades nos olhos, quando não tratadas, podem dificultar o aprendizado. Sabe-se porém que muito destes problemas podem ser eliminados ou atenuados se diagnosticados no início.

Pior ainda é pensarmos na deficiência visual sob o aspecto espiritual, para isto não temos números para expressar a cegueira do nosso povo, porém é óbvio que uma multidão muito grande anda tateando em meio as mais densas trevas da existência. E que para estes se faz urgente a necessidade de um encontro com o “oftalmologista de almas por excelência”, Jesus Cristo, pois nele está o diagnóstico preciso e a própria cura.
Na caminhada humana muitos são como aqueles que compram lentes em barracas de camelô, ou insistem em manter distância do consultório médico, pois são incapazes de reconhecer a necessidade de uma visão mais nítida da vida. Como cristãos precisamos reconhecer que todo homem sem Cristo sofre de “miopia crônica”, logo as nossas atitudes e decisões longe da orientação de Cristo estão fadadas ao fracasso, por isso o Reino de Deus não esta baseado em palavras ou esforços humanos, mas na ação amorosa e terapêutica do Espírito de Cristo, pois é o único capaz de nos dar uma visão de paz e tranqüilidade em meio a esse mundo de escuridão.
Talvez nesse momento você esteja acometido de uma terrível cegueira, porque você não consegue ver solução, não consegue ver pessoas que se importem com você, não consegue ver um sentido para sua vida, não vê paz nem esperança. Mas em Cristo Deus quer te mostrar a vida por uma outra ótica, a ótica de que você é importante para Deus, por isso Ele enviou Seu
Filho para morrer em nosso lugar. Que Deus nos conceda a todos uma visão de dependência e esperança Nele.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Preciso de Heróis!


Hoje me lembrei com intenso saudosismo de como foi bom ser criança. Foi maravilhoso olhar para o alto e reconhecer nos adultos a certeza de segurança e o referencial de identidade que eu queria seguir na vida adulta. Era fácil poder dizer com quem eu queria me parecer quando crescesse. Era bom demais poder afirmar: quando eu crescer eu quero ser igual a ele! Os heróis existiam em abundância!
Os anos passaram, e passaram muito rápido. O crescimento veio, as responsabilidades também, as decepções foram inevitáveis, as descobertas nem sempre empolgantes, mas enfim, vida adulta aqui estamos nós! Porém, o que mais impressiona nesse processo de "amadurecimento" é o sumiço dos heróis.
Diferentemente do que afirmou Cazusa, os meus não morreram de over dose. Alguns simplesmente abandonaram a capa, outros se revelaram sem poder algum, houve aqueles que na verdade sempre foram vilões, e não faltou quem tivesse uma identidade secreta que deveria ter permanecido secreta. O mais triste é ter que constatar que a galeria da "liga da justiça", ou melhor dizendo dos heróis da fé, anda meio esvaziada.
Diante dos dilemas, das inquietações, dos medos, que mesmo na vida adulta ainda se fazem presentes, gostaria de poder exclamar: "quem poderá nos socorrer?" Tendo a certeza de que, ao menos uma patética caricatura de herói, iria aparecer desejosa de ajudar. Mas é aí que está a raíz do problema, falta o desejo, a vontade, a disposição e o despreendimento para ajudar. Os heróis estão ausentes porque não existe o desejo de sermos heróis e de igual forma não há também expectativa por ajuda e bons exemplos.
A essa altura muito facilmente alguém já deve estar dizendo: nosso herói e ajudador é Jesus! Não tenho dúvida disto, mas me assusta ter que reconhecer que temos usado muito mais as nossas delcarações acerca do Senhor como justificativa ao nosso o egoísmo do que como afirmação de fé. Literalmente temos vivido o cada um por si e Deus por todos.
Não desejo pessoas perfeitas, mas preciso de gente que viva o Evangelho ao invés de se contentar em só falar Dele. Não preciso de indivíduos superdotados o com super-poderes a minha volta, mas simplesmente de pessoas que tenham o poder de amar. Preciso de gente a quem eu possa ajudar e daqueles que ficarão felizes em me oferecer ajuda. Preciso da verdadeira Igreja de Cristo!
Que Deus nos ajude a encontrar essa realidade e a desempenhar o nosso lugar nela!

Rev. Vinck Vitório

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Imagem Desfigurada




Essa semana começou a ser ventilado na mídia um informe publicitário falando das belezas cariocas, da simpatia, empreendedorismo, e criatividade do povo fluminense.

De fato o Rio de Janeiro é cenário e inspiração para todos aqueles que por aqui passam ou resolvem residir nessa cidade. Também é fato que o Rio de Janeiro tem grande potencial de crescimento.

No tal informe, narrado pela voz do ator Caio Blat, o Rio também é descrito como o Estado da União que recebe mais recursos federais. No entanto em nenhum momento foi falado que o Estado é o penúltimo colocado no IDEB, o salário do professor estadual é o mais baixo do Brasil, a educação está em crise, os governantes fingem que não vêem e os membros da ALERJ nada fazem.

Como é possível apresentar uma imagem de beleza e oportunidade de um Estado que declara receber fundos federais mais do que qualquer outro e não investe nos seus profissionais de Educação?

Como pode a beleza resistir a falta de ensino?

Como investir na educação sem valorização do professor?

O que estão fazendo com as verbas federais em prol de um Rio de Janeiro melhor sem dar prioridade a educação?

Um povo e um Estado bonito só existem com educação e esta só é possível com a valorização do professor, caso contrário qualquer imagem é falsa e rabiscada.

Valorização já dos profissionais de educação do Estado do Rio de Janeiro!

sexta-feira, 13 de maio de 2011

O que Jesus queria da Igreja?

É muito comum nos perguntarmos sobre o que as pessoas estão querendo da Igreja. Possível, mas não muito comum é nos perguntarmos o que queremos da Igreja. Porém, difícil mesmo é nos preocuparmos em saber o que Jesus quer da Igreja.

Antes de continuar escrevendo esse artigo eu preciso confessar que estou farto de fórmulas, de modelos pré-fabricados e de descrições megalomaníacas e detalhistas de fantasias que de nada servem. É impressionante reconhecer quanta gente anda ignorando o óbvio e outras tantas descrevendo quimeras. Também não suporto mais diagnósticos sem prescrição de tratamento. Criticismo puro, concentrado ou temperado com pessimismo, é total perda de tempo e totalmente estéril.

Desabafos a parte, a questão permanece: qual a vontade, o projeto anunciado por Cristo para a Sua Igreja?

No Evangelho segundo João, capítulo 17, nos versos 20 a 23, Jesus nos dá uma boa evidência dos Seus planos para a Igreja.

"Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim."

Ao anunciar que a Sua intercessão não era limitada apenas a um grupo definido pelos circunstantes, o Senhor projeta a Sua atenção na direção daqueles que ainda viriam a crer, numa clara demonstração de que a Igreja deve se lançar sempre para além dos seus limites numéricos e geográficos. Jesus poderia ter clamado somente pela manutenção do grupo, mas ao contrário, Ele está afirmando que outros vão vir, vão crer. A Igreja projetada por Cristo está longe de ser uma realidade estagnada, sem perspectiva, acomodada, não. Ela é caracterizada pelo dinamismo do crescimento e pela expectativa dele.

Se quisermos saber como e de onde virá o crescimento, a resposta está clara no texto, é por meio da Palavra de Deus, os que crerem, crerão por intermédio da Palavra. A fonte do crescimento não são as inovações humanas, não é a agenda social do grupo, não é a produção de espetáculos, discurso motivacional ou sessões de massagem de egos. Mas a Palavra anunciada e pregada com fidelidade.

Também pesa sobre a Igreja a responsabilidade de ser um ambiente onde vidas são aperfeiçoadas por meio da presença, poder é glória que nos são transmitidos pelo próprio Cristo. A Igreja não transforma, o agente de transformação é o próprio Senhor. E essa transformação se traduz em unidade, que tem como referência nada menos do que a Santíssima Trindade. Logo, está aí mais uma característica da verdadeira Igreja, a unidade. Pois não é isto que celebramos na eucaristia, vidas transformadas e unidas?

Falar de unidade em termos bíblicos é obviamente falar de união e isto sem trocadilhos ou jogo de palavras. Esse status de relacionamento é a evidência de vidas transformadas com relacionamentos também transformados. Uma realidade verdadeiramente alternativa a um mundo de egoísmos, individualidade e solidão. A Igreja é mais do que a prova, ela é ao mesmo tempo a testemunha e o testemunho de que Jesus Cristo é real, foi enviado e é eficiente em salvar e aperfeiçoar pecadores.

Que possamos ser mais sinceros ao compararmos o que Jesus anunciou como projeto divino e o que estamos construindo como um projeto meramente humano e em nada diferente do mundo a nossa volta. Que nesses dias tão angustiantes o Senhor esteja levantando mulheres e homens dispostos a trabalhar para o cumprimento da Sua vontade.

Rev. Vinck Vitório